quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Se não for cozinheiro, comilão, curioso ou fofoqueiro, fuja das panelas!

Primeiramente gostaria de pedir perdão pelo hiato nesse blog. Mas vida de estudante, ainda mais de pós-graduação não é moleza e contei com a ajuda das fatalidades de perder vários textos inteiros sobre algumas notinhas minhas. No mais asseguro-lhes que o retorno dessa vez será de fato e manterei uma regularidade maior de postagens aqui.
Gostaria também de mencionar que não fiquei alheio aos acontecimentos desde a virada do semestre, iniciando durante a Copa das Confederações e durando até agora. Penso que o povo se cansou, por outro lado percebo como as coisas aqui são subvertidas facilmente, de modo que os mais conservadores também se fazem manifestantes e pedem as coisas mais estapafúrdias. Podem me chamar de demente, mas pedir a saída da Presidenta é de uma estupidez tremenda e só demonstra a insatisfação de muitos com as conquistas obtidas nos governos de Lula e Dilma.
Por fim e pra não enrolar, pois tenho um post a expor aqui, gostaria de reconhecer que às vezes temos de dar a mão a palmatória e reconhecer que erramos. Acho que pela primeira vez na vida vi uma greve de professores um pouco mais estruturada e com causas palpáveis e bem definidas. Sempre me posicionei contrário à greves de professores pois tinha um olhar mais de aluno, prejudicado no calendário, nos conteúdos e na formação como um todo. De certo o prejuízo é de todos, porém olhando para os lados vemos que a situação não é boa e que não se faz omeletes sem quebrar os ovos. Portanto penso que uma greve com causas certeiras e bem organizada e fundamenta se fez necessária. Por fim reconheço que a vida é assim, ora pensamos de um jeito, ora tudo vira e observamos as coisas de outra forma. Embora alguns colegas não me considerem capaz de debater sobre o assunto por “apenas estudar” gostaria de expor sobre essa questão.

Caraca, mas enrola, enrola e não começa logo! Que história é essa de fugir de panela?

O caramba, foi mal! Na verdade essa postagem de hoje é fruto de experiências pessoais acumuladas ao longo de 27 anos bem vividos. Não acho válido entrar em detalhes sobre determinadas experiências, mas advirto desde já que algumas pessoas que lerem poderão se identificar com os fatos. Não levem pro pessoal, apenas uso tudo que passei como experimento mesmo. Sempre fui meio demente assim, já me conhecem!
O que queria conversar com vocês hoje tem relação com a necessidade que nós humanos e boa parte dos animais tem de se agrupar, se socializar. Sim, esse é um elemento importante para todos nós, que no passado remoto nos garantia a sobrevivência. Hoje podemos dizer que ainda garante a sobrevivência, mais de outro modo. Não se agrupar, não estabelecer relações com um grupo de pessoas no passado te condenava a virar comida de tigre dente de sabre (ou outra fera pré-histórica qualquer...), hoje em dia não se agrupar torna tudo muito mais difícil em outros aspectos, como talvez ter problemas pra comer, problemas pra se formar na escola e problemas pra arrumar trabalho ou permanecer num, e se falta trabalho falta todo o resto meu caro, a menos que sejas herdeiro! Sim agrupar-se é vital e sadio, podemos garantir não só o ganha pão mas sim podemos garantir espaços de troca de experiências, conhecimentos, diversão, competição, enfim qualquer coisa que nos faça sentir vivos, e preferencialmente humanos.
Entretanto nós humanos temos uma capacidade especial em subverter as coisas e tornar tudo mais difícil. Tem momentos da vida que nossa necessidade de proteção e socialização toma outro rumo. Um caminho perigoso, nocivo, fonte de discriminações, conflitos prejudiciais, e até do tal do bullying. Sim meus caros, as panelas que citei no texto não são as da cozinha. As panelas são aqueles grupos de pessoas que resolvem de hora pra outra se fechar numa redoma, se julgando diferenciadas e ninguém que está fora é digno de entrar nelas.
Estudei pouco de psicologia na área de Relações Humanas no Ensino Médio, lá na minha saudosa ETER, e milagrosamente lembro quando a querida professora Maria Helena discutiu com a gente a respeito.
Acho que já defendi bastante a necessidade de nos socializarmos, enfim, não vivemos sem essa faceta. Contudo diferenciar grupos de afinidades das temidas panelinhas é importante. Grupos de afinidades podem se definir com a associação de pessoas que apresentam algum interesse comum, algum grau de afinidade, seja por discurso, por atitude ou pela roupa que veste (enfim gente,  tem gente que se apega até porque camarada anda com calça arriada e cueca de fora, sério!), em suma, a gente desenvolveu a capacidade de “simpatizar” com alguém. Esses grupos são demarcados de alguma forma (olha o ataque do Capitão óbvio), contudo se observa que essas pessoas não tem a menor necessidade de excluir ou enxotar alguém de sua convivência. A adesão ou não adesão ocorre pelas trocas e não por delimitações mecânicas. De certo se determinado grupo cresce muito tenderá a ocorrer subdivisões, até porque não acho possível que alguém dê atenção a mais de 6 pessoas ao mesmo tempo (olha que falo isso porque sou professor, imagina se fosse psicanalista!), portanto não se preocupem, nesse tipo de grupo podem haver discrepâncias em posições mas não se alimentarão rivalidades (não tenho total certeza disso, mas é o que me convenceu por enquanto).
Já as panelinhas começam mal, geralmente alimentadas por fofoquinhas, maledicências e rivalidades sem pé e nem cabeça. A onda nas panelas é tornar a sua adesão algo desejável, especial e o coitado que entra nessa é condecorado, afinal passou por um pesado crivo. As panelas se cercam de barreiras mecânicas, num processo de exclusão e achacamento contra aqueles que não são “dignos” ou que pertencem a outro partido. Não acredito que ninguém tenha passado imune na vida, todos já fizemos parte de uma merrrrrr... dessa ou quisemos entrar numa. Até porque os que tão dentro te fazem sentir um lixo pois você não está lá. É uma relação de tortura contínua onde o objetivo é que sempre tenham seres orbitando a dita cuja esperando seu momento de entrada. Enfim, não é uma relação sadia e geralmente você tem que abrir mão de muitos valores pra poder ter o “mérito” de fazer parte da patota. Se você tiver brios ou for muito questionador não é bem-vindo numa panela. Se tentar dissolver uma então, pode comprar inimigos por uma vida. No meio corporativo elas são temidas, pois podem causar severos danos à saúde da empresa. Nas escolas são uma das justificativas talvez do quadro de violência entre os alunos e os processos de preconceito, discriminação e agressão física. As panelas, creio eu, sempre existiram, contudo atualmente percebo que vivemos numa ditadura do prazer e numa ditadura das vibes positivas (odeio essa palavra), dos amiguinhos pra zoar (já falaram que amigo de c... é rola? Então! Quer saber quantos amigos tem? Diga que está com câncer ou que ficou pobre!), e tantos outros padrões idiotizantes, de forma que essa questão das panelas me parece mais visível.
O que acho mais perigoso nas panelas são a necessidade, em primeiro lugar, da anulação de seus componentes e em segundo as lideranças negativas que as encabeçam.

Se as panelas não forem parecidas com essas e tiver muita gente dentro, fuja!


Mas por que falar sobre isso?

Bem, me lembrei disso porque sinto que passei por experiências bem peculiares mais recentemente e que me alertaram para quanto estava me tornando um “sem-ideia”. Não vou citar lugares e nem pessoas, mas devo contar uma experiência.
Certa vez acreditei que tinha encontrado um grupo de amigos bacana, que de certa forma me ajudavam e que cresceriam junto comigo. Era um grupo grande e as subdivisões são perfeitamente naturais e aceitáveis. Contudo, depois de certo tempo de convivência, fui percebendo que fazia parte de uma hierarquia. Nesta hierarquia cada posto tinha acesso à determinada liturgia, em miúdos, nem todas as pessoas eram dignas de participar de todas as conversas, de todas as atividades. Isso foi ficando cada vez mais evidente. De início encarava como algo normal, afinal a gente sempre acaba simpatizando mais com um do que com outro. Mas depois fui percebendo um processo de exclusão um tanto perverso por falta de alguma justificativa lógica. Felizmente (pra quem viveu comigo nessa vai entender) eu não estava sozinho nesse processo de fritura. Notava-se claramente que no meio do grupo tinha uma panelinha de barro, inquebrável e que se mantinha sob os argumentos mais torpes possíveis, e à base de certas doses de fofocas e troças fora de hora. Fora que a seleta tinha hábitos nada ortodoxos de encobertar erros e até ilícitos (leia-se falsidade ideológica).
Eu não queria aceitar essa condição, até que um saudoso e muito inteligente colega me vem com uma instigante pergunta sobre quem fechava a tampa da panela. Eu tinha ouvido essa expressão uma vez na escola e entendi perfeitamente onde esse amigo queria chegar. Aí aceitei que estava numa canoa furada. De fato, depois que saímos da caverna tudo dói mais. Sim, eu passei a perceber o processo excludente a qual passava e resolvi tentar reverter. Claaaro que não deu certo. Tentei, mas um dia cansei. Procurei minha turma e fui feliz na minha escolha, são amigos que tenho até hoje.
Bem, o momento “historias da carochinha” para por aqui. Se ficarem curiosos sobre o rumo da panela, sugiro que leiam sobre a história da dissolução da Iugoslávia. O processo de desmembramento foi parecido, tirando as guerras, claro.

Caraca, mas esse bla bla bla cansou! O que pensa sobre isso afinal?

Tentei contextualiza-los para demonstrar o cuidado que a gente tem que buscar quando nos propomos a formar amizades. As vezes somos perversos contra aqueles que não julgamos ser um dos nossos. Eu digo isso pois confesso que estive dos dois lados, e estar no lado dos excluídos não é legal. Me sentia às vezes desmotivado, mas por sorte encontrei pessoas dispostas a encontrar comigo um caminho alternativo. Em síntese, a vida é tão bacana e às vezes nos privamos de conhecer pessoas muito legais, que podem nos ajudar de alguma forma apenas porque elas não estão na nossa patota...
Olhar pra frente é importante e necessário. Mas às vezes olhar pros lados, nos detalhes podem nos proporcionar experiências inimagináveis, pessoas incríveis das quais você e eu nunca tínhamos observado. Se hoje até a televisão vem em alta definição, podendo ver todos os detalhes, por que nossa visão sobre as pessoas não pode ser assim também?

Se quiserem ler textos mais técnicos sobre o assunto, recomendo esses aqui:




Esse link nem é tão técnico, mas tem gente com capacidade de síntese bem desenvolvida e que entendeu bem qual o problema das panelas.



E você? Já enfrentou ou enfrenta situação parecida? Conta pra mim sua experiência e te dou ótimas dicas pra se livrar de qualquer tipo de panela!


Notas felipinas¹: A história contada acima é real, contudo nomes, lugares e fatos foram devidamente ocultados em prol de preservar as identidades dos envolvidos. Aquele que discordar entre em contato direto comigo e dependendo da situação terá pleno direito de resposta nesse blog.

Notas felipinas²: Não sou psicólogo e nem tenho pretensões. Qualquer discordância conceitual é bem-vinda. Afinal estamos nessa Terra pra aprender apenas. Tal e qual na nota anterior, entra em contato comigo pra debatermos mais sobre isso.


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